O Metro do Porto é "altamente rentável" sob quase todos os pontos de vista, contribuindo para maior qualidade de vida, competitividade e sustentabilidade da Área Metropolitana. Apesar dos benefícios - económicos, sociais, ambientais -, o projecto "corre o risco de se tornar financeiramente insustentável".
A conclusão resulta do estudo de avaliação do impacto do projecto durante seis anos - 2001/07 - conduzido pelos professores catedráticos Paulo Pinho, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e Manuel Vilares, da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Os resultados, publicados no "Livro branco", foram apresentados ontem, na Fundação de Serralves.
"O balanço positivo superou as minhas expectativas", admitiu Manuel de Oliveira Marques, no seu último dia enquanto presidente da Comissão Executiva da Metro. "Não fora o sucessivo incumprimento por parte do Estado nas suas obrigações enquanto concedente, regulador e accionista, e estaríamos perante um projecto perfeito", criticou, colocando nas mãos do Governo a solução para o "excessivo endividamento da empresa". E apontou o caminho basta "mudar o quadro de financiamento em termos de fundo perdido de base comunitária e de base doméstica e celebrar o contrato de concessão de exploração que permite atribuir ao metro indemnizações compensatórias que até agora não foram atribuídas e o quadro financeiro mudará substancialmente e o panorama passará a ser extremamente positivo".
A crítica ao poder central foi traduzida em números pelos autores do estudo num investimento superior a dois mil milhões de euros, apenas 24% resultam de subsídios (nacionais ou comunitários), o que obrigou a um "recurso quase exclusivo a empréstimos". Daqui resulta "o pagamento de avultados montantes em juros, conduzindo à necessidade de novos empréstimos". Daí a situação financeiramente insustentável: as receitas geradas são insuficientes para fazer face à dívida.
11 mil carros a menos
Sob todas as outras perspectivas, o balanço do projecto que conta cinco linhas à superfície, 60 quilómetros de extensão e 59 estações - mais do que as que existem em Lisboa - não poderia ser mais positivo.
Além de ter criado quase sete mil postos de trabalho, geograficamente o metro já cobre 40% dos locais de emprego e 22% da população residente na área metropolitana, o que ajudará a explicar a quota de mercado em termos de clientes 12%. Nos últimos quatro anos, o número de validações multiplicou por mais de oito vezes, passando de cerca de seis para 48 milhões.
A acessibilidade, a duração e o preço da viagem - os utilizadores reduziram o tempo despendido em 50% e o custo em 27% - são apontadas como argumentos para quem escolhe o metro. Tendo sido a maioria dos clientes (65,4%) conquistada aos outros transportes colectivos, será de referir que o metro conseguiu retirar do tráfego diário cerca de 11 mil automóveis, o que se reflectiu no acréscimo de mobilidade e nos baixos níveis de emissões poluentes para a atmosfera.
Finalmente, as áreas requalificada pelo projecto são semelhantes às que beneficiaram de programas como a Polis ou a Urbcom. E, no Porto, a intervenção no espaço público foi mesmo superior à realizada pela Porto 2001.
in: www.jn.pt secção Porto de 25 Mar/08
Sem comentários:
Enviar um comentário