A operação especial que a Metro do Porto costuma montar na semana da Queima das Fitas, com as composições a circularem durante toda a noite, está comprometida. O Sindicato dos Maquinistas apresentou um pré-aviso de greve para o período entre os dias 5 e 10 do próximo mês, abrangendo, precisamente, a semana da folia estudantil. O serviço às festas do Senhor de Matosinhos, que se realizam entre 1 e 18 de Maio, também sofrerá constrangimentos. Milhares de pessoas serão afectadas pelas perturbações no serviço.
Aliás, Manuel Seabra, gerente da Transdev (responsável pela operação do metro), admitiu, ao JN, que a empresa não solicitou a determinação de serviços mínimos para o período nocturno. Ou seja, durante a madrugada não deverá hever metro, ao contrário do que sucedeu no ano passado.
Falta de acordo
Consciente de que uma eventual requisição civil para a madrugada nunca chegaria a assegurar os elementos necessários para efectuar uma operação adequada à elevada procura (no ano passado, em cada madrugada da Queima registaram-se cerca de 50 mil validações), a empresa apenas requereu serviços mínimos para o habitual período de funcionamento do metro. Um serviço desajustado durante a madrugada poderia trazer mais problemas do que benefícios, temem os responsáveis da Transdev.
Na origem de mais uma greve está a falta de entendimento quanto ao acordo de empresa. O principal factor de discórdia, conforme explicou Ilídio Pinto, do sindicato, prende-se com a reivindicação de um subsídio de transporte. Os agentes de condução das composições são obrigados a deslocar-se de e para os locais de trabalho em horários em que não há transporte público e exigem uma compensação. Ilídio Pinto afirma que a Transdev admite pagar 17 euros por mês de subsídio de transporte, mas que, em contrapartida, retiraria o prémio diário. Ou seja, os trabalhadores pouco ou nada beneficiariam, referiu o sindicalista, acrescentando que a Transdev está "irredutível" na sua posição.
Incomportável
Manuel Seabra recorda que, logo na altura da contratação, foi perguntado aos trabalhadores se tinham carta de condução e meios de transporte próprios. Ainda assim, acrescentou, a Transdev disponibilizou-se para cobrir o aumento dos combustíveis desde 2002. Contas feitas, daria uma verba de aproximadamente 16 euros de subsídio de transporte.
De acordo com o responsável da Transdev, a contraproposta do sindicato é o pagamento de 0,39 euros por cada quilómetro das deslocações, o que acabaria por significar um subsídio na ordem dos 230 euros mensais. Um valor que significaria um aumento de 30% na remuneração mensal, contabilizou Manuel Seabra, considerando a exigência incomportável.
in: www.jn.pt secção "Porto" de 25 Abr/08
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