As composições da Linha do Tua circulam sem qualquer tipo de comunicação, levando apenas a bordo um telemóvel que não funciona durante grande parte do percurso por falta de rede, disse à Lusa o presidente do Metro de Mirandela, José Silvano. A falta de comunicações obrigou ontem algumas das vítimas do descarrilamento, que fez uma vítima mortal, a percorrerem centenas de metros para pedirem socorro.
Não existe rede móvel no local do acidente- na zona da Brunheda - assim como ao longo de grande parte do percurso da linha do Tua, e "da carruagem não seria possível contactar porque não tem sistema de comunicações, referiu José Silvano.
Segundo o presidente do Metro de Mirandela, que faz o percurso ao serviço da CP, o único meio de comunicação disponível na linha está reduzido às estações, onde existe ligação à Internet.
José Silvano explicou que o maquinista acciona um dispositivo ao passar em cada estação que dá indicação à central em Mirandela, de que está a cumprir o percurso.
Se num acidente como o de ontem ninguém tivesse condições para procurar socorro, só seria detectado quando falhasse a comunicação na passagem em alguma das estação e a central accionasse meios para averiguar a situação.
Questionado pela Lusa sobre a razão de nunca terem sido criadas condições de comunicação, o presidente do Metro de Mirandela disse que o serviço naquele percurso é da responsabilidade da CP.
A linha é, porém, propriedade da REFER.
Quatro acidentes em um ano e meio
O acidente provocou um morto – uma mulher – e 43 feridos, entre os 47 ocupantes da carruagem, a maioria turistas, que seguia de Mirandela para o Tua.
A carruagem descarrilou próximo da estação da Brunheda, numa zona onde já ocorreram quatro acidentes em um ano e meio, que provocaram quatro mortos.
O mais grave ocorreu em Fevereiro de 2007, em que morreram três ferroviários.
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paulo Vitorino, manifestou estranheza com a sucessão de acidentes num curto espaço de tempo numa linha com 120 anos, uma reacção que tem sido reiterada por defensores da ferrovia, como o Movimento Cívico pela Linha do Tua e o Partido Ecologista "Os Verdes".
Os defensores daquela que é a considerada das vias estreitas mais belas do mundo e o presidente do Metro de Mirandela, estranham também que não tenham sido divulgadas as conclusões dos inquéritos aos restantes acidentes, com a excepção do primeiro, que terá sido provocado por causas naturais - um desabamento de pedras e terras.
O ministro dos Transportes, Mário Lino, anunciou para terça-feira a divulgação dos resultados preliminares do inquérito que ordenou ao último acidente para apurar o que levou a carruagem a tombar sobre a ribanceira contrária ao leito do rio.
A Linha do Tua está temporária e parcialmente encerrada até que sejam conhecidos os relatórios das autoridades competentes sobre as causas do acidente.
A circulação mantém-se no percurso de 15 quilómetros entre Mirandela e o Cachão, que está concessionado directamente ao Metro de Mirandela, ao contrário do restante percurso até ao Tua que é responsabilidade da CP e o Metro faz apenas o transporte ao serviço daquela empresa ferroviária.
in: publico.clix.pt secção "última hora" de 23 Ago/08
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