A perspectiva de diálogo com o Governo francês - o pior cenário para os irredutíveis grevistas - poderá ter motivado as sabotagens praticadas, ao início da manhã de ontem, mais ou menos pelas 06.00, no TGV (comboio de alta velocidade). Vandalismo que o primeiro-ministro, François Fillon, comparou, na Assembleia Nacional, a "actos criminosos".
Por enquanto, ninguém acusa ninguém publicamente, só em surdina, mas a verdade é que, condenando estes "actos cobardes", os sindicatos se sentiram na obrigação de vir a terreiro em defesa da honra dos camionistas. Os suspeitos do costume em circunstâncias idênticas.
Isto depois de a confederação sindical CFDT ter, enigmaticamente, afirmado que os responsáveis pelas sabotagens "não sairão engrandecidos", na medida em que, apesar de não se terem registado vítimas, puseram em perigo a segurança da circulação ferroviária nas linhas TGV Leste, Atlântico, Norte e Sudeste.
Em "resposta", nada enigmática, em contrapartida, o sindicato Sud- -Rail pede à direcção da CFDT para fazer "prova de um mínimo de prudência nas suas declarações", dado que "não existe até agora nenhuma prova" de que as sabotagens são "obra" dos ferroviários.
O "quem" ainda está por apurar, mas o "quê" já é sabido: cabos foram incendiados e comutadores de sinalização desligados. Uma acção "coordenada de sabotagem".
Ao oitavo dia de greve nos transportes públicos (Metropolitano, autocarros e comboios) contra mudanças nos regimes especiais de reforma, iniciaram-se conversações tripartidas - Governo, patrões e sindicatos. Demasiado tarde? Hiperbólica, a presidente do patronato francês, Laurence Parisot, receia que sim e fala de "catástrofe", "sismo" (não chegou a referir a palavra "tsunami"), com um custo económico gigantesco. "Provavelmente gigantesco." Nesta frente feminina de poder sarkozyano, a conta já foi feita pela ministra da Economia, Christine Lagarde: "Entre 300 e 400 milhões de euros por dia."
in: www.dn.pt secção: internacional de 22 Nov/07
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