Há uma nova realidade nos céus. As companhias de low cost são um verdadeiro sucesso e ameaçam as grandes companhias nacionais com voos regulares, roubando clientes em viagens de pequena distância. A questão do novo aeroporto de Lisboa tornou este fenómeno mais visível, tal como as suas consequências.
O último estudo apresentado ao Governo pela Associação Comercial do Porto (ACP) analisa esta nova realidade e a possibilidade de Lisboa ter dois aeroportos a funcionar em simultâneo, com «clientes» diferentes.
O trabalho realizado pelo Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica conclui que a coexistência «é possível» e que a «Portela + 1» revela-se como a solução mais económica para o país.
Menos 30 por cento de voos na Portela
Neste estudo encomendado pela ACP, o Montijo surge como a localização ideal para um aeroporto low cost. Com a possibilidade de mais tarde, quando a Portela esgotar por completo, ser transformado num aeroporto principal.
Em três anos seria possível colocá-lo em funcionamento e desviar 30 por cento dos voos da Portela. O principal aeroporto da capital ficaria com mais tempo de vida.
Além do Montijo, Alcochete também pode servir para o mesmo fim, apesar do custo ser mais elevado.
Aliás, já em 1994 um estudo da ANA dizia ser possível o funcionamento simultâneo do Montijo e Portela. O estudo analisou a Ota, Rio Frio e Montijo. Elegeu este último como o melhor.
Recentemente, o presidente da TAP, Fernando Pinto admitiu a possibilidade de discutir a solução «Portela + 1», desde que o actual aeroporto da capital ficasse direccionado para os voos da transportadora nacional.
TAP cancela voos
Segundo um artigo publicado no suplemento Cargas e Transportes do jornal Público, «desde o início de Janeiro de 2007 que a TAP tem vindo a cancelar centenas de voos. Mesmo em pleno mês de Agosto, que é aquele em que o tráfego na Portela atinge o valor mais alto, houve voos anulados».
E como ganham as low cost os passageiros? Neste momento já é possível viajar para de Londres para a Madeira através da companhia EasyJet. Ou seja, alguns passageiros eram obrigados a fazer escala nos aeroportos nacionais e agora não precisam. Qual a consequência? Menos passageiros para a TAP e para o aeroporto.
Mais de 80 por cento do mercado (voos) do aeroporto de Lisboa é europeu, precisamente o negócio onde as low cost estão a investir e a criar ligações.
Custos baixos, bilhetes baratos
Como podem as companhias de baixo custo ser lucrativas com os preços que praticam? Simples: a maioria trabalha através da internet ou com operadores telefónicos, sem intermediários. Como fazem viagens curtas (2 a 3 horas), as tripulações dormem nas próprias casas e não em hotéis. A nível de funcionários, veja esta comparação: a TAP tem 684 passageiros por trabalhador, enquanto a Ryanair tem 10.050 passageiros por funcionário e a Easyjet 6.300.
Compram aviões novos e grandes: com capacidade para mais de 180 passageiros em cada viagem, consumos menores de combustíveis e fácil manutenção, uma vez que a frota é toda do mesmo modelo. Os bilhetes são todos de classe turística, sem regalias.
Neste momento, as duas empresas de low cost que mais passageiros transportam, em Portugal, são a Easyjet e a Ryanair.
Girona, Reus e Beauvais
Girona, a 90 quilómetros de Barcelona, é um bom exemplo de um aeroporto direccionado para voos de baixo custo. Começou em 2003, ficou barato, e já transporta 5 milhões de passageiros por ano.
Reus, perto de Taragona, também em Espanha é outro exemplo.
Tal como, Beauvais, a 84 quilómetros de Paris. Com uma pista de 2400 metros e um simples terminal, faz ligações a 16 cidades da Europa.
in: www.portugaldiario.iol.pt de 5 Dez/07
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